Das mãos de Agostinho sai a arte de trabalhar a madeira à antiga

08-11-2010 22:58

Fala dos brinquedos que lhe saem das mãos com a paixão de quem traz da infância o talento inato. Agostinho Godinho, 50 anos, natural da Aboboreira, uma aldeia do concelho de Mação, trabalha a madeira há 20 anos.

Das mãos, calejadas pelas escamas do ofício, saem objectos de todo o tipo, para miúdos e graúdos. Dos tradicionais aos criativos, a lista é enorme: jogos didácticos, pombinhas, piões, galinhas que picam no chão, cordas de saltar e fisgas. A escolha fica ao gosto de cada um, o talento nos dedos de Agostinho.

Agostinho começa por recordar: «em criança, quando brincava nos campos da Beira Baixa, próximo à aldeia de Aboboreira, a madeira estava por todo o lado». Aos seis anos já pegava nos pedaços de troncos deixados nas terras de ninguém da aldeia onde ainda hoje vive.

O artesão tem uma pequena empresa familiar na aldeia da Aboboreira, onde a madeira já foi mais abundante noutros tempos. Fruto dos incêndios que pela região têm lavrado na última década, Agostinho tem de ir «fora procurar outras espécies de madeira. Tirando a madeira de pinho, que é nossa, compro alguma madeira de freixo (uma madeira que se dá junto à água, torna-se mais moldável) e exótica, mais rara na nossa zona», salienta.

Quanto ao negócio, o artesão não se queixa, já que «as encomendas vão dando para continuar», ainda assim, salienta que "2010 está a ser pior que 2009. Mas não vou nunca baixar os braços porque quem trabalha por gosto, como eu, não pode abandonar a arte só por causa da crise."

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